terça-feira, 10 de abril de 2012

Mente organizada, coração aberto, pensamentos livres. E derrepente a madrugada começa a ficar mais escura do que o normal, e tudo parece estar sem solução.
Aquele velho problema de quase 1 ano, que parecia estar de certa forma, esquecido, voltou com todas as forças e parece não querer voltar ao seu estado de repressão.
Como havia previsto, não seria 1 mês ou 2 meses pra se esquecer, e sim coisa de anos... muitos anos... Ainda assim ninguém garante que um dia realmente vai acabar.
As noites sem dormir vão voltar, a vontade de fazer nada também já voltou. A inspiração de nunca foi um bom sinal, está mais presente que o normal. As palavras outra vez, não são mais o suficiente. A minha máscara caiu sem eu perceber. O mundo voltou a ficar incompreensível de uma hora pra outra.
Mas ainda assim o sentimento é puro e nada racional, simplesmente aconteceu e parece não querer ir embora. Preso em decadentes pensamentos e ações que poderiam ser reversíveis... Presa a uma culpa de tamanho inimaginável...
A vida segue. Mas a vida está seguindo sendo arrastada sem saber nem mesmo pelo quê. Antes ela ia seguindo normalmente, como se nada de ruim existisse.

sábado, 26 de novembro de 2011

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Consequências


“Rodolfo já não era mais o mesmo. Ele finalmente tomara coragem. Estava escrito no exame. Ele agora precisaria gritar para o mundo a sua dor e ele o fez:

- Porque você não me contou?

- Eu não sabia.

- Eu confiei em você.

Quanto tempo um soro positivo consegue viver?

A vida de ambos teria uma mudança considerável. Rodolfo havia se envolvido demais com Júlia, e estava completamente apaixonado. Por isso, em sua primeira relação sexual com ela, os dois não se preveniram, pois o desejo de um pelo outro era grande e os dois não pensaram duas vezes antes de se trancarem entre quatro paredes.

O grande problema, é que Júlia, pelo visto, tinha o vírus da AIDS. Porém, nem ela mesma acreditava nessa possibilidade. Afinal, como era possível? Depois de Rodolfo, ela jamais se envolvera com outro homem, pois achava traição uma estupidez, uma vez que tinha assumido um compromisso com Rodolfo.

A caminho de casa, Rodolfo dirigia calado e Júlia, no banco do passageiro fazia o mesmo. E então, lembrou-se de alguns anos atrás, quando andava com uma turma que não era nada responsável, e fazia coisas que não são boas nem sequer de comentar por alto. Derrepente a vaga lembrança de Leonel veio a sua mente. Os dois namoraram durante seis meses, e ambos usavam drogas, principalmente heroína. A única pessoa com quem ela poderia imaginar ter infectado-a, era Leonel. Apesar de que todas as vezes que transaram, os dois usaram camisinha. Mas Júlia, agora com 26 anos, sabia mais sobre AIDS, e então, ela entendeu que tinha grande possibilidade de ter pego através das seringas que os dois compartilhavam.

Ao chegar em casa, os dois estavam aflitos e continuaram em silêncio por muitas e muitas horas. Júlia fez o jantar como sempre:

- Rodolfo, o jantar está na mesa.

- Você quem fez?

- Sim querido, como de costume. – Júlia estranhou sua pergunta.

- Não estou com fome. Como mais tarde. – E Rodolfo continuou assistindo seu jogo de futebol.

- Mas como assim? Já são 22h30 da noite... A essa hora você está faminto! – Júlia se aproximou, tocou seu ombro e à medida que foi se abaixando para lhe dar um beijo, Rodolfo se levantou num salto-.

- Não me toque!

- Qual é o problema Rodolfo? Não é a primeira vez que eu iria lhe beijar. – Júlia começou a sentir raiva, pois estava entendendo aonde ele queria chegar.

- É. E se não fosse por esses seus beijos infectados, eu não estaria como estou agora.

- Como é? E você acha que eu estou feliz em descobrir que eu também tenho AIDS? Você acha que isso pra mim é normal?

- Você sabia o tempo todo e insistiu em me passar, só para se vingar de quem lhe fez isso! Não sou bobo!

- Rodolfo, eu não sabia de nada! Como você ousa falar isso a mim?

- Do mesmo jeito que você se disponibilizou a passar este vírus para mim. Agora me diga, você ao menos lavou suas mãos ao preparar este jantar nojento?

- AIDS não se pega pelo vento, muito menos pelo toque! – Agora quem estava sentindo nojo de alguém, era Júlia, e ela tinha motivos para isso – Não venha me culpar! Você acha que eu queria ter pego?

- Não queria, mas pegou! Porque não soube se controlar! Tinha que ficar com o primeiro cara que aparecesse. Agora me diga, quem foi? – Rodolfo, segurou seu braço com força – Vamos! Diga!

- Pare Rodolfo! Você está me machucando!

- Você não merece nada menos que isso! – E Rodolfo deu um tapa forte no lado direito do rosto de Júlia.

- CHEGA! Eu não ficarei aqui nem por mais um segundo! Se você não sabe lidar com uma doença, o problema não é meu! Agora saiba que eu também não estou livre dela, e saiba também que encontrar alguém que goste de você do mesmo jeito que eu gostei, não vai ser fácil. Principalmente com o seu vírus a flor da pele! - Júlia subiu as escadas a caminho de seu quarto.

Chorando, Júlia abriu uma mala pequena e colocou tudo o de mais urgente nela, e saiu em disparada para a porta. Não iria ficar ali nem por mais um segundo como havia dito. O nojo da cara de Rodolfo era visível, e ela desejava nunca mais encontrá-lo na rua.

- Adeus Rodolfo! Que você seja muito feliz.

- Serei muito feliz. Mais do que com você, que nunca foi capaz de me dar alegrias. Serei mais feliz com todas com quem sairei! – Júlia o olhou com desprezo, e este foi a ultima vez que ele a viu.

Passaram-se semanas e Rodolfo saia com todas as mulheres com quem topava na rua. E para se vingar de Júlia, fazia sexo sem camisinha, com a intenção de infectar todas as mulheres possíveis até a sua morte. A casa se transformou num total desatino. Cheirava mal e roupas intimas eram encontradas até em cima de louças sujas na cozinha. A sala onde ficava a televisão, estava cheia de pratos de comidas rápidas, esquentadas no microondas e latinhas de cerveja estavam amassadas pelo chão. Certamente, os insetos reinavam naquele lugar.

Com toda essa bagunça, e falta de cuidado, Rodolfo morreu em menos de três meses, pois decidiu não tomar o coquetel, não por falta de dinheiro, mas sim por falta de inteligência. Infelizmente, Rodolfo se foi e deixou mais vinte mulheres infectadas pelo vírus HIV. Ao contrário de Júlia, que fazia o tratamento como recomendado e levou uma vida normal. Casou-se e teve três filhos, que não foram infectados pelo vírus, pois isso já é possível. “